O Cristão e a política. Como posicionar-se?

O Cristão e a política. Como posicionar-se?

As eleições estão chegando. E junto com elas chegamos também a um questionamento interessante que tem sido alvo de debates no meio cristão. Deve o cristão se envolver com a política?

 

Como respostas, poderemos ouvir diversas. Podemos ouvir um não pois não somos cidadãos deste mundo ou porque DEUS subjuga todos os reinos e, por isso, qualquer governo cumprirá os propósitos estabelecidos por DEUS. Podemos ouvir que sim, pois DEUS não excluiu nossa cidadania humana ao nos dar uma nova cidadania. Mas e aí? Devemos ou podemos nos envolver com a política?

 

Pensando no assunto, fui buscar na história do povo de DEUS a resposta, estudando a palavra para ver o que DEUS, nela, nos ensina.

 

1 – Dupla cidadania

 

* Jo 3.1-7

 

O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito.

 

O Senhor Jesus nos ensina que nascemos duas vezes. A primeira, na carne e a segunda, do Espírito. O fato de nascermos do Espírito não nos excluiu da carne, pois aqui estamos, em carne e osso. Isso significa que DEUS nos dá um novo nascimento, uma nova vida espiritual, mas não nos tira a vida carnal. Tanto que o apóstolo Paulo nos ensina: “a carne milita contra o espírito”. Isso nos mostra que temos os dois, carne e espírito.

 

O Senhor Jesus também nos deu uma palhinha sobre o assunto.

 

* Mc 12.13-17

 

Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus

 

Você tem responsabilidades perante César e perante DEUS, portanto, cumpra seus deveres como cidadão do mundo e cumpra seus deveres como cidadão dos céus.

 

Quando Jesus estava no Getsêmani e fez a oração sacerdotal disse a DEUS: “Não peço que os tire do mundo e sim que os guarde do mal”

 

O nosso lugar de atuação é este mundo. Nós estamos no mundo mas não somos do mundo. Somos cidadãos do céu e cidadãos deste mundo e não apenas isto. DEUS nos deu a responsabilidade de cuidar deste mundo; somos mordomos de DEUS. Somos elemento de transformação. Portanto não podemos estar alheios aos acontecimentos do mundo. Temos responsabilidades nesta terra.

 

Mas isso não significa, por si só, que devemos ou possamos nos envolver diretamente com a política. Nossa responsabilidade como cidadãos é o voto consciente. Então as perguntas persistem: Eu devo me envolver na politica? Eu posso me envolver na política?

 

2 – DEUS subjuga os governantes. Servo de DEUS não deve se envolver com política.

 

Pergunta: DEUS precisa de nós? DEUS precisa de nós para cumprir seus propósitos? Não, DEUS não precisa de nós, mas DEUS nos usa para cumprir Seus propósitos. E assim, DEUS usa seus servos para influenciar também na política. E podemos ver isso claramente em toda a história do povo de DEUS.

 

Podemos começar com José. Aos 17 anos, José é vendido pelos irmãos. Tudo fazia parte do plano de DEUS para salvar o Seu povo, pois 24 anos depois viria grande fome sobre a Terra. E o que DEUS fez para conservar a vida do Seu povo? Fez comida chover do céu? Não, agiu na vida de José para que ele se tornasse um político atuante na corte egípcia. DEUS poderia atuar no governo do faraó para que tomasse as decisões corretas, mas resolveu colocar Seu servo para atuar na política de estocagem e distribuição de alimentos, a fim de salvar Seu povo da fome que viria.

 

Gn 45.3-8

 

Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra e para vos preservar a vida por um grande livramento.

Assim, não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus, que me pôs por pai de Faraó, e senhor de toda a sua casa, e como governador em toda a terra do Egito.

 

E o que falar de Moisés? Já começa que teve a vida salva pela filha de faraó, uma pessoa influente. E o próprio Moisés foi forjado por 40 anos em todo o conhecimento egípcio, depois mais 40 anos no deserto de Midiã, para poder então tratar diretamente com faraó, influenciando na política egípcia.

 

E através dele, o povo é liberto, atravessa o mar vermelho, passa 40 anos no deserto. Moisés morre e sob a liderança de Josué, conquista a terra prometida. Aí vem o tempo dos juízes, depois a era dos reis. Vem Saul, Davi, Salomão... todos políticos. Alguns anos depois, os babilônios conquistam os reinos de Israel e Judá. E o rei Nabucadonosor separa para si jovens de todos os povos para serem seus conselheiros... E lá estão Hananias, MIsael, Azarias e Daniel, influenciando diretamente na política. E quando o rei Nabucodonosor passa a editar leis que vão contra o povo de DEUS, é graças à intervenção de Hananias, Misael e Azarias que o povo deixa de ser obrigado a adorar a uma estátua do rei. É graça à sua posição como sábio do rei que Daniel tem a oportunidade de interpretar seu sonho, evitando assim a morte de muitas pessoas.

 

Anos depois vem outra nação pagã e conquista o Império Babilônico: Os persas. E Daniel passa a ser conselheiro do Rei Ciro, atuando diretamente na política. E Neemias? E graças à sua posição diante do rei Artaxerxes, que ele recebe autorização para ir à Jerusalém edificar os muros. Até oficiais do exército acompanharam Neemias, a mando do rei.

 

E Ester, que DEUS levanta como rainha para atuar na política do rei Assuero, livrando da morte todo o povo judeu, que morreria pela maldade de Hamã, braço direito do rei?

DEUS coloca Seus servos no meio dos povos pagãos para atuar na política, para livrar seu povo dos males e para cumprir Seus propósitos. E é só no Antigo Testamento que vemos DEUS agindo na política através de Seus servos?

 

Is 53.3-9

 

Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca.

 

Isaías 53 é o meu texto preferido na bíblia. Nele Isaías profetiza a paixão de Cristo. E nessa profecia, DEUS revela que Jesus seriam sepultado com os ricos. Mas como? É aí que entra a intervenção divina na política, através de um servo seu: José de Arimatéia, homem rico, membro ilustre do sinédrio, intercedeu junto a Pilatos, para poder tirar o corpo de Jesus e sepultá-lo, em sua sepultura. Se fosse Maria, Pedro ou uma pessoa comum, não teria acesso a Pilatos. Mas um membro do Sinédrio, um homem influente, teria. Essa é a mão de DEUS, usando servos Seus, na política.

 

E poderíamos continuar a falar de tantos outros servos de DEUS que foram usados na política, influenciando governos. Poderíamos falar de Martinho Lutero que permaneceu vivo graças à intervenção de um príncipe, que intercedeu por ele e até o escondeu por um ano em seu castelo. Aliás, castelo este que foi o lugar onde Lutero traduziu a bíblia para o alemão, a fim de que todos os seus compatriotas pudessem ler. 

Poderíamos falar da visível intervenção divina na história inglesa, após a morte do rei Henrique VIII. Sobre como Elisabeth I chegou ao trono, sendo ela uma protestante e última da sucessão ao trono, graças às sucessivas mortes de seus irmãos mais velhos. Ação divina nos governos do mundo para dar livramento ao seu povo.

 

Servos de DEUS tem agido na política por toda a história da Igreja. Por isso, podemos concluir facilmente que podemos e devemos nos envolver na política se a situação assim pedir, a fim de cumprir os propósitos de DEUS. Antes, os reis eram influenciados. Hoje, temos mais pessoas com poder de decisão e é necessário fazermos a diferença para que a Igreja do Senhor continue crescendo.